"Dia parado entre nevoento e enxuto.
A natureza como semimorta.
Quanto aos vencidos, Musa, desconforta
esta infinita sugestão de luto!
Quanto a mim, de minuto por minuto,
ouço alguém... Alguém bate à minha porta...
Quem é? Quem sabe? Uma saudade morta,
cousas tão d'alma que eu somente escuto.
Nesta indecisa solidão sombria,
sem cor, sem som, meio entre a noite e o dia,
com que a morte a tudo, a tudo assiste...
como que pela Terra desolada,
a consciência universal do Nada
deixa um silêncio cada vez mais triste..."
Pereira da Silva, in A Circulatura do Quadrado, org. António Ruivo Mouzinho, Porto: UNICEPE, 2004, p. 223.
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