"O excesso de atividade, na escola ou no colégio, na igreja ou no mercado, é sintoma de uma vitalidade deficiente; enquanto a capacidade para o ócio implica um apetite ecuménico e uma vigorosa identidade pessoal. Existe uma classe de pessoas, vulgares e quase-mortas, que mal têm consciência de estarem vivas exceto em pleno exercício de alguma ocupação convencional. Levem um destes indivíduos ao campo, ou numa viagem marítima, e vereis como anseia por regressar à secretária ou ao gabinete. São desprovidos de curiosidade; não conseguem entregar-se a paixões momentâneas; são incapazes de desfrutar o exercício das suas faculdades pelo mero prazer de as exercer; em a não ser que a Necessidade os espicace, podem até ficar imóveis. Não vale a pena conversar com estas pessoas; não conseguem ser ociosos, a sua natureza não é suficientemente generosa; e assim passam numa espécie de coma todas as horas que não dedicam ao lufa-lufa diário."
Robert Louis Stevenson, Apologia do Ócio, tad. Rogério Casanova, Lisboa: Antígona, 2016, pp. 21-22.
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