Thursday, August 16, 2018

PEIXES



"Para elas olhei longamente. Ferviam de peixe. Devia ser peixe miúdo. Adiante - brilho de espada no mar - um cardume de grandes peixes alegrava o dia, que despontara. Saltavam, riscavam. E, além, era a lenta mudança da alvorada, o milagre de sangue em luz, que se cumpria mais uma vez.
Tudo vivia em gratidão. Em todos, mesmo nos vermes. A vida estava cheia de alegria. Em mim, castigo era. Morta a esperança, a maldade gastava-me a alma entorpecida."


Dinah Silveira de Queiroz, A Ilha dos Demónios (Margarida La Rocque), Lisboa: Edição Livros do Brasil, s.d., p. 201. 

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