"Estamos a construir-te com mãos a tremer
para átomo sobre átomo uma torre fazer.
Mas quem te pode concluir,
ó catedral a subir?
Roma o que é?
Soçobra.
E o mundo, que obra?
É despedaçado
antes das cúpulas sobre torres terem assentado,
antes que de milhas de mosaico tenha assomado
tua fronte de brilho dourado.
Mas por vezes a sonhar
posso abarcar
teu espaço,
profundamente desde o início não acabado
até à aresta dourada do telhado.
E vejo que meus sentidos inatos
formam e constroem a descompasso
os últimos ornatos."
Rainer Maria Rilke, O Livro de Horas, 2.ª ed., trad. Maria Teresa Dias Furtado, Lisboa: Assírio & Alvim, 2020, p. 59.
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