Saturday, March 14, 2020

ROSTO SOLITÁRIO




"Quem sonhou que a beleza passa como um sonho?
Por estes lábios vermelhos, desolados no seu orgulho, 
Desolados, sem esperança de novos prodígios, 
Tróia desapareceu nas fúnebres e altas chamas
E os filhos de Usna morreram. 

Nós e o mundo palpitante vamos passando
Por entre almas de homens que vacilam e cedem
Como pálidas águas na sua corrida de Inverno, 
Sob estrelas que passam, espuma do céu, 
Vidas neste rosto solitário. 

Inclinai-vos, arcanjos, na vossa morada sombria:
Antes de existirdes ou que um coração batesse, 
Fatigado e afável, alguém se deteve junto ao Seu trono;
Por ela fez Ele do mundo uma estrada verde
Para os seus pés errantes."
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W. B. Yeats, Os Pássaros Brancos e Outros Poemas, trad. Maria de Lourdes Guimarães e Laureano Silveira, Lisboa: Relógio d'Água, 2012, p. 25. 

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