"Quando de todo se extinguir a Vida;
Quando as águas gelarem, e este mundo
Rolar, na Imensidade escurecida,
Como um deserto fúnebre e infecundo;
Quando a luz, avezinha mal ferida,
Exânime, cair no Azul profundo...
E os corpos se fundirem na dorida,
Eterna Essência, que animara o mundo;
Quando tudo o que existe regressar
À confusão primeira, negro mar,
Sem praias, nem alvores da manhã;
Sonhando um novo Génesis glorioso,
Há-de surgir, no espaço tenebroso,
A sombra enorme e trágica de Pã!"
Teixeira de Pascoaes, As Sombras, Lisboa: Assírio & Alvim, 1996, p. 91.
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