"Por me verdes andar curvo para esse chão,
Pálido e esfarrapado,
Não julgueis que não tenho em casa lar e pão
Que sou filho enjeitado.
Os abutres têm ninho... As charnecas flores cem...
Têm as prisões saudade...
E as ondas desse mar, órfãs como parecem,
Têm mãe na imensidade...
E eu também tenho um lar, família que me acoite,
Em que confio e espero:
Sabei que minha mãe tem por seu nome Noite
E meu pai, Desespero!"
Carlos Fradique Mendes [Antero de Quental], "Guitarra de Satã II", in Joel Serrão, O Primeiro Fradique Mendes, Lisboa: Livros Horizontes, 1985, p. 286.
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