"O ladrão bem via que este não era o modo indicado de se falar com um fantasma, e também lhe ocorreu que, com a pressa e dado o seu estado de confusão, tinha pronunciado uma bênção errada. Pois o sangue e as chagas de Cristo invocavam-se contra a hidropisia, a varíola ou a gangrena, mas não para esconjurar fantasmas. Todavia, ainda antes de conseguir recitar a bênção indicada, o homem com o chapéu de cocheiro em cima da cabeça dirigiu-lhe a palavra:
- Olhas-me, ó rapaz, com cara de quem sabe quem eu sou.
- Sei muito bem quem é o senhor - disse o ladrão com voz angustiada - e também sei de que reino veio. O senhor veio da Casa de Nobis, onde as labaredas saem das janelas e onde as maçãs se assam no parapeito."
Leo Peruz, O Cavaleiro Sueco, trad. Lumir Nabodil, Lisboa: Cavalo de Ferro, 2015, p. 27.
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