"Ficou acabrunhado por uma tristeza entorpecedora, diferente da que sentira durante o caminho. A personalidade das suas angústias sumira-se; tinham-se alargado, dilatado, perdido a particular essência, tinham ao fim e ao cabo saído dele para se combinar com a indizível melancolia exalável pelas paisagens entorpecidas sob o pesado repouso das noites; foi aliviado por essa vaga e afogada angústia que exclui a reflexão, que purifica a alma dos seus mais nítidos transes, que adormenta os pontos dolorosos, dulcificando com o seu mistério a certeza dos bens definidos sofrimentos."
J.-K. Huysmans, O Castelo do Homem Ancorado, trad. Aníbal Fernandes, Lisboa: Sistema Solar, 2018, p. 16.
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