"É por isso que adormeço numa luz em movimento
E escolho um espaço para ver o espaço de frente
A sua cor de silêncio nocturno e desenho
Uma maneira quieta de estar nele tranquilo
Há nesse espaço uma fonte, um animal que desperta
Uma criança que navega com as próprias mãos.
Bebo com as mãos juntas.
Há uma voz que bebo. Há um espaço entre as mãos mas não perco
A sede. A água multiplica-se porque a tiro do coração
Que escuta.
Há um espaço no corpo que pode ser um lugar.
À sombra posso olhá-lo até o ver
Posso tocar as chagas no corpo
E posso beber dele morrendo
Nele como quem entra de tanto
O desejar."
Daniel Faria, Poesia, 2ª ed., ed. Vera Vouga, Lisboa: Assírio & Alvim, 2015, p. 133.
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