"Nunca ela usara aquele tom, tão comovido e tão simples, para me dirigir a palavra. Julguei ter finalmente libertado a sua verdadeira alma irónica e orgulhosa que ma havia ocultado durante tanto tempo, e uma nova vida se abriu à minha convalescença moral.
(Conhece, no museu de Madrid, uma singular tela de Goya, a primeira à esquerda ao entrar na sala do primeiro andar? Quatro mulheres com saias espanholas, na relva do jardim, estendem um xaile pelas quatro pontas e nele fazem saltar, a rir, um fantoche do tamanho de um homem...)
Em resumo, voltamos a Sevilha.
Ela retomara a sua voz trocista e o seu sorriso particular: mas eu já não me sentia inquieto. Há um provérbio espanhol que diz: «A mulher, como a gata, é de quem cuida dela.» Eu tratava-a tão bem e seria tão feliz se ela se deixasse tratar!"
Pierre Louÿs, Um Obscuro Objecto de Desejo, Lisboa: Bico de Pena, 2009, p. 92.
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