" A história chama-se «A Rosa». «A Rosa era feliz. Vivia em harmonia com as outras flores. Um dia, a Rosa sentiu-se murchar e estava quase a morrer. Viu uma flor de papel e disse-lhe: "Que bela rosa és tu" - "Mas eu sou uma flor de papel" - "E tu sabes que eu estou a morrer?" - A Rosa então morreu e não voltou a dizer mais nada.»
Esta história tão breve, que diz quase tudo o que se pode dizer sobre a ternura da vida e a dor insuportável da morte, recorda-nos que as coisas duram um pouco mais do que a vida mas estão também destinadas a desaparecer e que, perante a dor da morte, faz pouco sentido celebrar o autêntico contra o artificial. Somos fiéis às lágrimas das coisas vivas quando ouvimos o seu choro, o seu desejo de durarem um pouco mais, pelo menos como as coisas fictícias, como as colunas dóricas deste Walhalle postiço."
Claudio Magris, Danúbio, trad. Miguel Serras Pereira, Lisboa: Quetzal, 2010, pp. 128-129.
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