Matthew Gregory Lewis, O Monge, trad. Egito Gonçalves, Porto: Editorial Inova, 1974, pp. 130-131."- Nunca falou com aqueles a quem encontrava? - perguntei-lhe.- Não. As amostras que ela dava, no meio da noite, do seu talento de conversação não eram evidentemente de molde a tentar quem quer que fosse. Algumas vezes o castelo estremecia com juramentos e imprecações; pouco depois repetia um Padre Nosso! ora uivava as mais terríveis blasfémias, ora cantava o De Profundis tão metodicamente como se ainda estivesse no coro. Em resumo, tinha o ar duma pessoa singularmente caprichosa. Mas, quer praguejasse quer rezasse, quer fosse ímpia ou devota, tratava sempre de apavorar os seus ouvintes. O castelo tornou-se praticamente inabitável, e o proprietário assustou-se de tal modo com essa festa nocturna que uma bela manhã foi encontrado morto, na cama. Esse acontecimento deu à monja um grande prazer, porque ela fez mais barulho do que nunca. Mas o barão seguinte mostrou-se demasiado esperto para ela: fez a sua entrada, acompanhado por um célebre perito em exorcismos que não receou encerrar-se toda a noite na sala que ela assombrava. Segundo parece, ele teve um rude combate a travar contra ela antes de lhe arrancar a promessa de que iria ficar sossegada. A monja era teimosa, mas ele era ainda mais, e por fim ela consentiu deixar os habitantes do castelo dormir a noite inteira."
Wednesday, November 2, 2011
A EXCELENTE SENHORA 2
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