Saturday, November 19, 2011

OS ENCÓMIOS


"- Volta um pouco a cabeça - dizia-lhe eu. - Assim. Obrigado. Não te mexas, peço-te. És tão bela como um chapéu alto, lisa, redonda sobre ti mesma, com os cotovelos fincados no chão. O teu corpo é como um ovo posto à beira-mar. És concentrada como  salgema e transparente como um cristal de rocha. És um prodigioso desabrochar, um turbilhão imóvel. O abismo da luz. És como uma sombra que desce a profundidades incalculáveis. És como uma erva multiplicada milhares de vezes."
Blaise Cendrars, Moravagine, trad. Ruy Belo, 2ª ed., Lisboa: Cotovia, 1992, p. 60.

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