Tuesday, January 22, 2013

LE VENT QUI RESPIRE EST MON HALEINE


"As massas negras das árvores estão tão imóveis
como as montanhas. As estrelas enchem um céu imenso.
Uma aragem quente como um sopro humano acaricia-me
os olhos e o rosto.

Ó Noite que deste à luz os deuses!, como passas
docemente pelos meus lábios, cálida pelos meus cabelos,
penetrando-me tão à vontade que me fazes sentir prenha
da tua primavera!

As flores que florirão é em mim que todas vão florir.
O vento que respira sou eu a respirar. O perfume
que se exala é o meu desejo a fluir. Meus olhos são o firmamento
das estrelas.

Tua voz é o ruído do mar? Será o silêncio das planícies?
Não a compreendo, sinto apenas que me arremessa
a cabeça aos pés. É essa tua voz que me faz correr lágrimas
pelas mãos."
Pierre Louÿs, O Sexo de Ler de Bilitis, trad. Maria Gabriela Llansol, Lisboa: Relógio d'Água, 2010, p. 235.

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