"Em sacrifício o olhar. Mesmo interceptado por algum corpo, teria sua missão cumprida denunciando-o aos olhos. Esta a natureza completa, curta e eterna do elemento que não dava tempo a reflexões, vivendo mais veloz do que um possível arrependimento. Porque então já se cumprira. Sendo-lhe possível ainda vagar por séculos à procura do que lhe desse vida, que constituía o instante apenas antes da morte. Ondas visuais se integrando viriam repetir-se, o que não as libertava delas mesmas, alcançando o fundo do mar ou atingindo estrelas."
Maura Lopes Cançado, O Sofredor do Ver, 2ª ed., Belo Horizonte: Autêntica editora, 2015, p. 35.