"Também a poesia é filha
da necessidade -
esta que me chega um pouco já
fora do tempo
deixou de ser a sumarenta alegria
do sol sobre a boca;
esta, perdida a fresca
e nacarada pele de adolescente,
mais parece um desses figos
secos ao sol de muitos dias
que no inverno sempre se encontram
postos num prato
para comeres junto ao fogo."
Eugénio de Andrade, "Rente ao dizer", in Poesia, 2ª ed. revista. Porto: Fundação Eugénio de Andrade, 2005, pp. 475-476.
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