"Bastava, sei lá?, andar a passear ao longo do muro interminável que limitava o jardim do lado da Avenida Ercole I d'Este, muro interrompido a meio por um portão solene, de carvalho escuro, inteiramente desprovido de puxadores; ou então no outro lado, pela parte de cima, na Muralha dos Anjos sobranceira ao parque, penetrar com o olhar a selva intrincada dos troncos, dos ramos e das folhagens até aperceber o estranho e agudo perfil da moradia senhorial, e atrás dela, muito para lá, ao lado de uma clareira, a mancha cinzenta do campo de ténis: ei-la que surgia, a antiga irritação perante o desconhecimento, e a separação tornava a doer, a queimar quase como nos primeiros tempos."
Giorgio Bassani, O Jardim dos Finzi-Contini, trad. Egito Gonçalves, Lisboa: Quetzal, 2010, p. 25.
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