Thursday, September 20, 2018

ARCANOS


"A estas palavras os olhos inundaram-se-me de lágrimas, e, cobrindo a cabeça com a ponta da capa, entreguei-me a lúgubres meditações sobre as causas humanas. Ah! Homem desventurado!, exclamei com fundo pesar: a fatalidade cega ri-se do teu destino! E uma lei funesta rege ao acaso a sorte dos mortais! Mas, oh, não! Sinto que são decretos a justiça divina que se cumprem! Um Deus misericordioso exerce os seus incompreensíveis julgamentos! Sem dúvida lançou algum anátema terrível contra esta terra, amaldiçoando as atuais gerações, pelos delitos das raças extintas! Oh! Quem ousará sondar os arcanos da Divindade?
E assim permaneci imóvel, mergulhado em profunda melancolia."

Conde de Volney, As Ruínas de Palmira, trad. Francisco Quintal, Lisboa: Livraria Renascença, s.d., p. 27. 

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