"Sendo as coisas sofrimento como são, temos que ser inimigos do mundo. Ou pelo menos teremos de estar quase sempre em luta contra o mundo; e não passamos na terra de uns estranhos, mesmo conhecendo a superfície da sua geografia, a história do fazer e desfazer das suas sociedades e culturas. Adapto-me ao mundo, por estranheza; é esse o modo que por ele percorro, e pela qual reconheço o que é matéria viva e que vai morrer ou que há muito permanece morta. Pela estranheza coloco-me no tempo e no espaço, atribuo duração e sei o que pertence à matéria e o que é - mesmo em sonho - território do espírito."
João Miguel Fernandes Jorge, O Bosque, Lisboa: Relógio d'Água, 2015, p. 52.
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