AQUÉM
"Havia vozes no jardim antigo, na escura tarde, no cemitério além da Porta. A vassoura de ramos de giesta, pousara-a sobre o que restava de uma pedra tumular. Encostou-se a uma lápide. Chorava. Há anos que não chorava. As silvas enredavam-se nele. Feriam-no até sangrar. A quem havia de se queixar da vã tarefa de cuidar de um gato? E também do vento que cirandava poeira e folhagem sobre as pedras que cobriam corpos em corrupção, ossos ordenados sob o governo físico da morte?"
João Miguel Fernandes Jorge e Pedro Calapez, O Próximo Outono, Lisboa: Relógio D'Água, 2012, p. 41.
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