QUEDA
"Quantas vezes ainda verei eu cair
as pálidas leves folhas do outono?
- Não pode o homem vê-las
cair e conseguir viver
(E cá estou também eu
cá estou eu incorrigivelmente a cantar
as gastas folhas do outono
as mesmas das minhas mais antigas leituras
as primeiras e as últimas que tenho visto cair
Haverá outra poesia que não
a que cai nas tristes
folhas do outono?)
- Não pode o homem ver
cair as folhas e viver"
Ruy Belo, Aquele Grande Rio Eufrates, 5.ª ed., Lisboa: Editorial Presença, 1996, p. 118.
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