Sunday, November 4, 2018

PASSAR


"Uma manhã encontrou um gato tigrado no cemitério. Muito pequeno e muito magro. Recolheu-o. O abade autorizou-o a passar com ele a Porta dos Mortos. O gato seguia-o no interior da igreja. Não mais do que transpor o transepto em direção às celas dos monges. Era costume vê-lo na área de todo o mosteiro: ao sol no pátio interior ou num dos claustros, à espera de um bocado de carne que caísse de um dos pratos à horas das refeições, ronronando sob a comprida tábua da mesa e roçando-se nas pernas dos frades."

João Miguel Fernandes Jorge e Pedro Calapez, O Próximo Outono, Lisboa: Relógio D'Água, 2012, p. 40. 

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