"Casas erguidas onde moram fugazes
Habitantes da terra, inflamados no coração
Que a outros se dedica. Casas devolutas e
Cegas, lugares onde se vive tacteando
O ar e vendo por janelas reduzidas
Um pouco do mundo. As árvores
Ficam à porta e dão concertos de brisa
E trinados. As árvores são antigas e novas como
As casas. Mas estas são mudas: apenas
Circulam as palavras de quem lá vive,
O trânsito flui, não há escadas rolantes,
Esse fecundo silêncio das casas
Decora-as com beleza e ritmo.
Algumas vezes se morre lá dentro.
A maior parte das vezes vive-se."
Maria Teresa Dias Furtado, Onde o Poeta mora, Braga: Poética Edições, 2019, p. 39.
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