"Nunca mais meus olhos os tornarão a ver? Ai! Não vos tornará a encontrar
Nos mil caminhos da Terra vicejante quem vos procura,
Ó figuras a deuses semelhantes? E foi por isso que entendi a linguagem,
A lenda a vosso respeito, para que a minha alma, sempre de luto,
Antes do tempo desça até às vossas sombras?
Mas para mais próximo de vós, onde os vossos bosques ainda crescem,
Para o Parnaso, quero ir; e quando a escuridão do carvalho,
Brilhando, a fonte de Castália vier ao meu encontro, enquanto ando errante,
Quero, de uma taça envolta no perfume de flores, água
Misturada com lágrimas ali derramar, sobre o verde que germina, para que
Se torne para vós, todos vós que dormis, uma oferenda aos mortos."
Friedrich Hölderlin, "O Arquipélago", in Elegias, trad. Maria Teresa Dias Furtado. Lisboa: Assírio & Alvim, 2000, p. 105.
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