"Ifigénia - (...)
Ó desgraçada de mim, que, por ter visto uma odiosa,
uma odiosa, funesta criatura,
sou assassinada, aniquilada
pelo cutelo ímpio de sacrílego pai.
Prouvera para bem meu que Áulide,
nem as proas de brônzeos esporões,
nem os madeiros que Tróia conduzem,
nestes seus ancoradouros acolhesse,
nem que ao Euripo uma brisa contrária
Zeus fizesse soprar, ele que a desencadeia
para que os mortais os ventos de maneira
que uns têm a alegria de ver inchar as velas,
outros têm a tristeza, outros vêem-se impotentes;
podem uns aparelhar, outros navegar,
enquanto outros aguardam.
Pela de sofrimentos, sim, plena de sofrimentos é
dos efémeros mortais a geração, e dolorosa,
para os homens, a descoberta da Necessidade."
Eurípides, Ifigénia em Áulide, 1325-1332, trad. Carlos Alberto Pais de Almeida, 2.ª ed., Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1998, p. 155.
No comments:
Post a Comment