"Ela inclinou-se, beijou-o outra vez, respirou outra vez - até à vertigem - o perfume ensolarado do cabelo do seu filho.
- Gosto mais de ti que o tamanho do ma todo, disse ela.
- E do Oceano?
- Mais que do Oceano, mais que tudo o que existe.
- E tudo o que não existe?
- Também mais que tudo o que não existe.
- Eu também, disse distraidamente a criança, o que eu queria era um lagarto encarnado e o papá diz que não há.
- Há pois.
Ela tentou apertá-lo nos braços, mas ele debateu-se, todo virado para os lagarto. Ela voltou a pousá-lo no chão e ele voltou imediatamente à sua incansável vigilância."
Marguerite Duras, Os Cavalos de Tarquínia, trad. Maria da Piedade Ferreira, Lisboa: Publicações Dom Quixote/ Editores Reunidos, 1994, p. 119.
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