"A natureza, vê! é o inferno das almas:
As árvores, as flor's, as penhas escarpadas,
Os sapos ao luar, os vinhedos e as palmas
São almas condenadas!
Por isso, tu nos vês derramando carinhos
Sobre ervas, minerais e plantas infelizes...
Sofrem humanamente as pedras dos caminhos,
Os troncos e as raízes!
Só vaidade! A virtude é uma palavra vã!
Não julgues santa a caridade que exercemos:
Somos bons para que nos façam amanhã
O que hoje aqui fazemos."
Eugénio de Castro, "Sagramor", in Obra Poética, Tomo III, ed. Vera Vouga, Porto: Campo das Letras, 2002, p. 218.
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