Tuesday, November 26, 2019

MEMÓRIAS




"E todas as mortes que deixámos espalhadas
por aí, todos os corpos que encostámos ao
canto dos olhos para partirmos sem memória?
Onde estão agora que os dedos já pararam
de contar paredes e portões?

E que é feito das sombras que guardámos em caves
para que os sustos se detivessem sob os pés
lavados de culpa sem caminhos para conhecer 
para além deles?

Onde estão agora que a verdade sangra cinza
e a alma é um retábulo de visões em carne viva?"


Virgínia do Carmo, Poemas simples para corações inteiros, Poética Edições, 2017, p. 18. 

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