"São felizes de verdade. E já não me seguem
em silêncio e vão, em sombra, de grandes sacos
pelo caminho pedregoso. Pão por deus é o que
pedem submissos. Por vezes o novembro começa
sob os fiapos amarelos da leve bruma.
E correm exultando a proximidade de todos os
santos. Vão pelas dissonâncias do mar
p'la novidade dos figos secos.
As janelas estavam abertas
e o cheiro da lúcia-lima entrava na sala
combinado com os tiros da primeira caça.
Mais tarde ou mais cedo acabariam
estendidos nas dunas, os braços estreitando o
outro corpo.
Ao redor,
uma feira de luzes e os olhos, suplicantes,
tomavam o pão-por-deus.
Vacilantes, carregavam a parte que lhes cabia."
João Miguel Fernandes Jorge, "Tronos e Dominações", in Obra Poética, vol. 6, Lisboa: Editorial Presença, 2000, p. 71.
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