"Quando falo que deus é uma criança
que o vento
envelheceu nas minhas veias
eu faço-me subir rei reformado às montanhas
da Trácia
onde nunca estive.
Não há trégua possível entre
os meus vícios.
Não há mão maternal ou asa de anjo
nã há sol nem lua
disponíveis
para me guiarem o curso dos
sentidos.
Renuncio a esta caça
nas artérias
e só depois à curva ao arco
do triunfo
a esta castidade ameaçada.
Nem o vento envelhece, nem mesmo tu,
criança que deliro,
irás morrer comigo enquanto
canto
no outono da Trácia, ridícula, imaginada."
Armando Silva Carvalho, Canis Dei, Lisboa: Relógio D'Água, 1995, p. 53.
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