"Morgan possuía as habituais qualidades de uma criança de vida não simplificada com o colégio, uma espécie de sensibilidade confinada ao conforto caseiro que talvez fosse prejudicial mas encantava, e toda uma gama de requintes e sensibilidades - pequenas variações musicais tão cativantes como uma melodia que nos persegue, aqui e ali ouvida - geradas com as suas deambulações pela Europa na cauda daquela migradora tribo. Talvez se não tratasse de uma educação desde logo recomendável; mas, sobre uma pessoa tão especial, os seus resultados tinham marcas de uma fina porcelana. Havia ao mesmo tempo nele um leve resquício de estoicismo que era fruto, sem dúvida, de ter desde muito cedo começado a sofrer, e isso contar como um impulso e com menos consequências do que se ele tivesse passado numa escola por um animalzinho poliglota."
Henry James, Preceptores - O Discípulo, trad. Aníbal Fernandes, Lisboa: Sistema Solar, 2017, p. 133.
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