" - Que é que devemos fazer, Albertine?
Ela sorriu, hesitou por instantes, depois respondeu:
- Acho que devemos estar gratos ao destino por termos saído ilesos dessas aventuras - tanto as reais como as que sonhámos.
- Tens a certeza disso? - interrogou ele.
- Sim, como também tenho a certeza que não é a realidade de uma única noite, nem a de toda uma vida que corresponde à verdade intrínseca de um ser humano.
- Nem sonho algum - suspirou ele calmamente, - é inteiramente sonho.
Albertine segurou-lhe a cabeça com ambas as mãos e encostou-a ao seu seio.
- Agora estamos plenamente acordados - observou ela - por muito tempo.
«Para sempre», quis ele acrescentar. Mas antes que articulasse uma palavra, ela colocou-lhe um dedo sobre os lábios e murmurou como que para si própria:
- Nunca se deve averiguar o futuro."
Arthur Schnitzler, A História de Um Sonho, trad. Maria Paula Couto, Lisboa: Relógio D'Água, 2001, p. 117.
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