Julian Barnes, O Papagaio de Flaubert, trad. Ana Maria Amador, Lisboa: Quetzal, 2010, p. 170."15. De não acreditar que a Arte tinha um fim social.
Não, não acreditava. Isto é cansativo. «Tu dás desolação», escreveu George Sand, «e eu consolo.» Ao que Flaubert respondeu: «Não posso mudar de olhos.» A obra de arte é uma pirâmide inutilmente erguida no deserto: os chacais mijam-lhe na base e os burgueses sobem-lhe ao topo; continue esta comparação. Quer que a arte seja um remédio? Mande vir a AMBULANCE GEORGE SAND. Quer que a arte diga a verdade? Mande vir a AMBULANCE FLAUBERT: mas não se surpreenda se, quando chegar, lhe passar por cima de uma perna. Ouça Auden: «A poesia não faz acontecer nada.» Não pense que a Arte é algo que deve proporcionar uma agradável exaltação emocional e autoconfiança. A Arte não é uma brassière. Pelo menos não o é no sentido que os Ingleses dão à palavra. Mas não se esqueça de que em francês brassière significa «colete de salvação».
Monday, January 2, 2012
AOS GRANDES RETRATISTAS DE FILIPE II
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