"Do clarão que é das ruínas,
pelo escuro,
uns pedaços se unem em fio estendido, serpente
um dia já sangue erguendo e triturando o edifício.
Eis um mar que se abisma
que a si próprio se engole
e a si próprio se vomita
com uns destroços de galera.
Ruínas...
no clarão que as ilumina,
aos poucos se dilui um fio com princípio e fim.
Mas, a acabar, ainda resplandece
na chave que abre a porta aos pesadelos!"
Edmundo de Bettencourt, Poemas Surdos, Lisboa: Assírio & Alvim, 1981, p. 38.
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