"Isto são os ruídos. Mas há aqui alguma coisa que é mais terrível: o silêncio. Creio que nos grandes incêndios irrompe por vezes assim um momento de tensão extrema, os jactos de água caem, os bombeiros não sobem pelas escadas, ninguém se mexe. Sem ruído, lá no alto, uma cornija negra avança, e um muro alto, atrás do qual o fogo irrompe, inclina-se, sem ruído. Tudo pára e espera, de ombros encolhidos, as caras contraídas sobre os olhos, pelo golpe terrível. Assim é aqui o silêncio."
Rainer Maria Rilke, Os Cadernos de Malte Laurids Brigge, 3ª ed., trad. Paulo Quintela, Porto: o oiro do dia, 1983, p. 30.
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