"Viazemski sorriu amargamente:- Já têm suficiente medo de mim, não preciso da tua salicária, continua.- Há a cabeça de Adão, que se recolhe nos pântanos; quando fores à caça, bebe um chá dela e nenhum urso te tocará. Há o ruibarbo; quando a arrancarmos da terra, geme como uma criança; trazendo-a ao pescoço, uma pessoa nunca se afoga.- E é tudo?- Há ainda o feto, aquele que tiver sorte de colher a sua flor, tornar-se-á o senhor de todos os tesouros; a João-e-Maria, aquele que a encontrar pode montar o primeiro sendeiro que apareça e bater o melhor cavalo.- E uma erva que me faça amar? Não conheces?O moleiro ficou um momento silencioso.- Não conheço nenhuma, paizinho, não te zangues, Deus é testemunha de que não conheço nenhuma.- E uma erva que me faça parar de amar, conheces?- Também não conheço, príncipe, mas há a erva que destrói, quando a pomos em contacto com muralhas ou com portas de ferro, faz abater tudo.- Acaba com as tuas ervas! - gritou, com impaciência, Viazemski, fixando no velho o seu olhar sombrio."
Alexei Tolstoi, Ivan, O Terrível, trad. Alves Ramos, Lisboa: Amigos do Livro, Editores, s.d., pp. 33-34.
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