Saturday, December 22, 2012

O AMIGO


"Uma canção a Baco não cantada
apenas ouvida
na toada da cigarra
de uma mata onde o azul desce
até à terra.

Oliveira cai a noite afastam-
se as sombras
para uma conversa com candeias e luzes o velho
sai da taberna
há dois mil anos Kavafis

Que não te viu a mão sobre os olhos
a estrofe de ombros a tremer
ouviu-te
negra a taça ática
com a imagem vermelha de Eufrónio."
Johannes Bobrowski, "Sinais de Tempo", in Como um respirar - antologia poética, trad. João Barrento, Lisboa: Cotovia, 1990, p. 67.

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