DO CAMINHO
"Que sei eu daquele caminho
onde o olhar não decifra?
Que sei eu da água escura
tornada espelho da vida?
Que sei eu deste silêncio
quando é bandeira de luto?
Que sei eu da lua grande
sem coração que a habite?
Feliz o passo encetado
neste esplendor do agir
sem pensar muito no caso
dum louco que quis saber
dum cego que quis fugir
para um astro iluminado.
Feliz o passo acertado
pelas certezas bem juntas
a um dia ensolarado
sem a névoa das perguntas."
João Rui de Sousa, Lavra e Pousio, Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2005, p. 44.
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