"Também para Empédocles o mundo estava arranjado de uma maneira não excessivamente misteriosa, embora estivesse longe de ser a máquina impulso-inibidora governada por mecanismos invisíveis e sem alma. A melhor maneira de o interpretar era como uma esfera incessantemente agitada por dois impulsos ou disposições primordiais que, por seu turno, actuavam sobre quatro raízes fundamentais de todo o ser: fogo, ar, água, terra. Este motor de unir e separar (a máquina do Amor e da Discórdia), nas suas convulsões completamente involuntárias, manipulava matéria e expelia-a num milhão de padrões e misturas diferenciadas, como um caleidoscópio expele imagens à mais leve sacudidela. Os arquiaccionadores de todo o processo eram o Amor e o Ódio - os impulsos da união e da desunião. O domínio de um ou do outro produzia efeitos perfeitamente reconhecíveis na natureza, ligas dos quatro elementos fundamentais. Parece suficientemente claro."
Lawrence Durrel, Carrocel Siciliano, trad. Fernanda Pinto Rodrigues, Lisboa: Livros do Brasil, 1992, p. 200.
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