"A beleza tende para a esfericidade. O olhar que a recolhe quer abrangê-la toda ao mesmo tempo, porque é una, manifestação sensível da unidade, suposto da inteligência do que tão facilmente ao ficar preso de "isto" ou de "aquilo" e da sua relação, sobretudo da sua relação, se desprende. Já que isto ou aquilo considerado desinteressadamente mostra a sua unidade, não sua talvez, mas unidade ao fim e ao cabo.E a beleza na qual depois distingue a inteligência, elementos e relações até com os seus números, oferece-se ao aparecer como unidade sensível. E a mente de quem a contempla tende a assimilar-se a ela, e o coração a bebê-la, num só hausto, como seu cálice ansiado, o seu feitiço."
María Zambrano, Clareiras do Bosque, trad. José Bento, Lisboa: Relógio D'Água, 1995, p. 59.
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