Wednesday, June 26, 2013

JULIETA EM TARSO


"Assim que cumpriu as habituais honras fúnebres, foi conduzido à cidade pelos servos; quanto a Ântia, depois de ter sido depositada no túmulo, voltou a si e, apercebendo-se de que o veneno não era mortífero, começou a gemer e a chorar: «Que engano», disse ela, «foi para mim este fármaco, impedindo-me de fazer o meu caminho de regresso à felicidade com Habrócomes. Mil vezes mísera, que fui lograda até do meu desejo de morrer. Mas, ao permanecer aqui no túmulo, eu posso pela fome produzir o efeito que o fármaco não fez, pois ninguém me virá tirar daqui, nunca mais verei o Sol, nunca mais viverei à luz do dia». Depois de pronunciar estas palavras, aguentou-se firme, aguardando a morte com nobreza de espírito."
Xenofonte de Éfeso, As Efesíacas - Ântia e Habrócomes, trad. Vítor Ruas, Lisboa: Edições Cosmos, 2000, L. III, p. 38.

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