"Se Deus ao homem concedeu a graça
De terminar com ele a criação,
Nunca pode ser só, por mais que faça
Para encontrar no mundo a solidão.
A rocha, a planta e tudo por que passa
Na sua estranha e lenta evolução,
Nascidos da mesmíssima argamassa
São irmãos nossos, que nos dão a mão.
Em tudo sempre a mesma dor profunda,
É nessa própria dor que nos sustém
Como acontece ao ar que nos circunda.
E, maior ou menor o nosso anseio,
Sozinha, a alma só se encontra bem
No coração de Deus, donde ela veio."
Fausto Guedes Teixeira, in Poesia Portuguesa do século XII a 1915, org. Cabral do Nascimento, Lisboa: Verbo, 1972, p. 223.
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