O ABERTO
"Recomeçou: retrocedendo, internou-se outra vez
no poema, tropeçando no rumor que escurecia o sangue
em ondas nas paredes lentas. Ouvia cada vez mais longe
a boca do mar que repetia: - uma onda uma praia outra onda,
nas margens do mundo. Lá: o aberto de um leque bateria o ar
como as pétalas de uma borboleta perene; e aqui ele confiava-se
aos passos de quem por ali seguira, os seus ou os de outrem -
não sabia; mas alguém passara já por ali, sempre à beira de cair."
Manuel Gusmão, migrações do fogo, Lisboa: Caminho, 2004, p. 24.
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