"A atmosfera conservava-se absolutamente tranquila, mas de uma tranquilidade ameaçadora. Não se deslocava uma única molécula de ar. Dir-se-ia que a natureza, meio sufocada, não respirava, e que os seus pulmões, essas nuvens densas e sombrias, não podiam funcionar por se verem atrofiados. O silêncio teria sido absoluto sem a bulha das rodas, que trituravam o cascalho, sem o ranger dos cubos e das pranchas do veículo, se a respiração cavernosa dos cavalos, que iam já sem fôlego, e sem o estrépito que eles faziam, ferindo lume com as suas ferraduras sobre as pedras da estrada. Esta estava completamente deserta. Não se avistava um só homem a pé ou a cavalo; não se pressentia sequer o ruído de um só carro."
Jules Verne, Miguel Strogoff, trad. Pedro Vidoeira, Lisboa: Livraria Bertrand/Unibolso, s.d., p. 106.
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