"Podeis-vos enforcar nalguma laranjeira,
que haja ouvido aos Romeus idílicos imbecis,
afogar-vos num rio, num charco, numa estrumeira,
ou o corpo despenhar de alpestres alcantis...
que a Natureza, ou seja em noites de inverneira,
ou na Aurora, ao chilrar dos tentilhões gentis,
não branqueará por isso a verde cabeleira,
nem prantos verterá por coisas tão pueris!
Quer morrais como o Cristo entre dois salafrários,
quer barreis como um Gracho, em prol dos proletários
quer trespasseis o peito assim como Catão,
crede que a Terra Mãe, nessa vossa agonia,
talvez que esteja a rir no azul de uma baía,
fazendo uma Camélia - ou parindo um ladrão."
Gomes Leal, O Anti-Cristo, 3ª ed. acrescentada com as Teses Selvagens, Lisboa: Livraria Popular de Francisco Franco, s.d., p. 83.
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