"Então a mulher disse:
- Quem come todos os dias destes frutos semelhantes à ambrósia, terá certamente um coração de ambrósia. Portanto, se tens alguma estima por mim, por ser tua mulher, proporciona-me o coração desse macaco, para que, comendo-o, fique isenta de velhice e de morte e goze contigo de muito prazer.
- Não digas isso, querida - respondeu o monstro - porque esse macaco é como um irmão para mim; e além disso, matá-lo não é possível. Esquece, pois, esse vão capricho, pois disse-se:
5. O homem é filho, por um lado, da sua palavra, e pelo outro, da sua mãe; o parentesco que nasce da palavra está, segundo dizem, acima do que se tenha com um irmão uterino."
Anónimo, Panchatantra, trad. L. Pereira Gil, Lisboa: edição Amigos do Livro, s.d., Livro IV, pp. 264-265.