"Era hua vez dez meninas
de hua aldeya muito probe.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão nove.
Era hua vez nove meninas
que só comeam biscoito.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão oito.
Era hua vez oito meninas
em terras de dom Espàguete.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão sete.
Era hua vez sete meninas
lindas como outras não veis.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão seis.
Era hua vez seis meninas
em landas de Charles Quinto.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão cinco.
Era hua vez cinco meninas
em um trianglo equilatro.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão quatro.
Era hua vez quatro meninas
qu'avondavam só ao mês.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão três.
Era hua vez três meninas
em o paço de dom Fuas.
Deu o tranglomanglo nelas
não ficaram senão duas.
Era hua vez duas meninas
ante hu home todo espuma.
Deo o tranglomanglo nelas
transformaram-se em só hua.
Era hua vez hua menina
terrada em coval muy fundo.
Deo o tranglomanglo nela
voltaram as dez ao mundo."
Mário Cesariny, Primavera Autónoma das Estradas, Lisboa: Assírio e Alvim, 1980, pp. 204-205.
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