A TARDE EM SUA INTEGRIDADE
"Quase não vemos os prodígios fiéis,
a parede solar, o torso unânime,
o fulgor da cabeleira sobre o mar,
o palácio de todos, de ninguém.
Evidente mas subtraído à evidência
é quanto vemos sem ver pelo excesso
de estar em profusão imediata.
Qualidade lisa, ondulação silente
que reúne a plenitude e o longínquo,
plana eclosão de um insondável fundo
que no alvor da superfície se consuma.
Todo o sossego se nivela, ondeando em sombra
e sol. A tarde em sua integridade
fatalmente suave."
António Ramos Rosa, O Não e o Sim, Lisboa: Quetzal Editores, 1990, p. 55.
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