"Quem se lembrará de um bichinho da terra tão pequeno quando as aves de altenarias vêm por aí em bolandas é diabo. Pragas de tantos, tudo tem no cabo a queda. Eu serei preso eterno, porque aqui, segundo o uso, mente-se-me, eles não lhes dá disso. V. Eilm.ª me encaminha aos santos, rogo sem burla, mas, Senhor, qué haremos a estos nuestros corazones? As redondilhas tenho mandado tresladar, que nunca medrei cousa que soubesse ler. Pelas bocas dos maus também se dizem verdades. Eu estou sem olhos, que ver Lisboa de longe traz-me já quase cego, mas fico ao serviço de V. Eilm.ª a quem Deus guarde.
Do castelo de Almada, 27 de Maio 628"
D. Francisco de Portugal, Epistolário a D. Rodrigo da Cunha (1616-1631), ed. José Adriano de Freitas Carvalho, Porto: CITCEM - U. Porto / Edições Afrontamento, 2015, p. 218.
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